Relacionamentos – O Auto-Relacionamento I
- Mafalda Afonso
- 19 de ago. de 2016
- 5 min de leitura

Nada nesta vida subsiste sem que tenhamos um profundo relacionamento connosco próprios, bem como, a plenitude genuína e sublime de autoconsciência do nosso ser, que naturalmente, exige de cada ser humano uma perpétua busca interior em si mesmo, à medida da sua intrínseca evolução e relação com o que o rodeia se desenvolve.
Tudo começa com a consciencialização da necessidade do autoconhecimento e optimização, constante, da autoestima, e paradigmas de carácter. Esta é a base para existência de um exame constante de quem somos, realmente, sem mascaras nem cortinas, despidas de preconceitos, dogmas, crenças, que mesmo contrariamente ao desejado, terão de ser encarados com autoaceitação, avaliadas e ponderadas, independente do que consideramos particularidades mais ou menos virtuosas.
Cada um de nós é único, incomparável, a não ser consigo próprio, detentor de um valor inestimável, com o livre arbítrio, de no processo do autoconhecimento e respetiva consciencialização, de tomar os rumos da sua autotransformação, ou simplesmente decidir qual o lado dos polos de integridade (positivo ou negativo) pretende estar.
Nem tudo o que nos foi ensinado, incutido pela sociedade, educação, cultura, se encaixa na procura da nossa própria excelência, sem ser pretensiosa. A nossa autovalorização assim como, tolerância com as nossas desventuras, que com serenidade, sabedoria, paciência as podemos alterar no nosso próprio tempo, permitem que a nossa auto-relação seja plena de verdade, honestidade e sanidade. Esta sanidade, nos autoriza a sermos AUTÊNTICOS e GENUÍNOS, com sabedoria, sem medos dos pensamentos e dizeres alheios, sendo que esses, pertencem aos próprios e são de sua única e exclusiva responsabilidade.
Com um amor-próprio ou autoestima, bem sedimentados, é possibilitada não só a capacidade de superação do erro, frustração, o enfrentar situações adversas com dignidade e integridade, sem consentir, a “autoflagelação” ou punição despropositada própria ou de terceiros.
Não é de todo, um processo simples e fácil, é como arrumar um compartimento repleto de móveis, utensílios, papéis, roupas, e todo o tipo de objetos, independentes da função, que sem nenhuma organização se aglomeram nessa divisão, na qual à medida que vamos mexendo através da busca interior e das interações externas, se tivermos atentos e conscientes, vamos vislumbrando a essência das nossas características, personalidade e suas proporções. Além de que à medida que a vida prossegue, vamos descobrindo mudanças de pensamento, comportamento, interação, bem como, particularidades não descobertas resultantes das transformações ou simplesmente de sublimes especificidades que não tenham sido detetadas.
A este paradigma chamo IDENTIDADE, aquela que nos permite ser AUTÊNTICOS, tanto diante de nós, como dos outros e com do Divino, Força Superior, Natureza, Universo, o Todo, ou seja, nome é inerente à crença de cada um. Lembre-se, cada um de nós é único, exclusivo!
Cada um de nós é LIVRE, de ver com os seus próprios olhos, analisar pela sua própria cabeça, pesquisar, sentir com o seu próprio coração e alma, pois nenhum ser humano é detentor da verdade absoluta, ou detém autoridade de impô-la a quem quer que seja, vendando os olhos à sua própria liberdade de SER o desbravador dos seus diversos níveis de consciência.
Aqui reside um segredo, quem somos para nós próprios é o que somos para os outros ou vice-versa, abrindo a porta para que os outros sejam idênticos. Lei da reciprocidade, ou atração, o que somos na essência, tendo consciência ou não, é o que vai determinar o que atraímos para a nossa realidade, quer sejam pessoas, situações, entre outros. No entanto, nem tudo é tão linear, pois, relembrando, cada caso é um caso.
A ciência da psicologia explica isto de uma forma muito simples. Somos como Icebergues, a parte superior, a menor que está visível, ou seja, é a luz da consciência que representa apenas 5%, logo seguida o Ego, em algumas circunstâncias em sintonia com a consciência, que se encarrega de levar ou trazer para o nível subconsciente, todas as nossas vivências, em todos os âmbitos, e que já se encontra abaixo da linha de água, ou seja, muitas das vezes fora do foco da consciência, a não ser que tenhamos desenvolvido e iniciado o nosso processo de consciencialização, e auto-relação. Logo a baixo, como é sabido, temos a parte maior do Icebergue, totalmente submersa, que se divide em duas partes, a do subconsciente, onde armazenamos todas as nossas vivenciais, emoções, pensamentos, ações, instruções, educação, interações, sentimentos, crenças, culturas, etc., que não detém discernimento de certo ou errado, funciona como um armazém, que tende a levar à realidade repetidamente, o que tem armazenado. A questão do certo e errado, não existe neste patamar, que pertence à parte consciente e varia de ser para ser, consoante a sua vivência. A segunda parte, paralelamente na outra metade, da parte submersa do Icebergue, e conectada com o subconsciente, está situado o inconsciente coletivo, que é constituído por uma panóplia infinita de acontecimentos globais desde os primórdios dos tempos e que podem fazer ou não ressonância com o nosso subconsciente, ego e consciente, e consequentemente, pode afetar ou não cada um deles.
Esta parte da zona submersa do Icebergue representa 95% de informação que pode vir à luz ou não, o chamado piloto automático, e que só através do autoconhecimento ou auto-relacionamento, pode ser esmiuçada e reprogramada para que as nossas vivências venham a experimentar realidades mais contundentes com o que almejamos, principalmente, quando a grande parte das vivências experimentadas foram fundamentadas nos medos, preconceitos, crenças, entre outros. Este tema e conceitos serão, amplificados e dissecados nas próximas portagens.
É essencial refletir que não existe certo nem errado em sermos o que somos, e sim, que podemos ser GENUINAMENTE, nós mesmos, seres únicos, e de valor inestimável, desde que tratemos o próximo com os mesmos paradigmas de respeito e integridade que gostávamos de ser tratados. Como disse um Grande Mestre da Humanidade, “ama os outros como a ti mesmo…”, o segredo é que se nos amarmos realmente, jamais trataremos mal ou seremos perversos para alguém propositadamente. E naturalmente se amamos o que somos, o que vemos, então seremos capazes de amar quem não Vemos!....
A referência ao amar o que não Vemos, refere-se a um grau superior de Amor que acompanha a evolução de cada Ser e que completa a sua unidade com o Universo e seu Criador, o Todo infinito em si mesmo...
A nossa verdadeira IDENTIDADE reside na sublime profundidade da tranquilidade que ilumina todo o nosso ser. A espontaneidade que nos deixamos experimentar leva-nos a viver os momentos mais cristalinos da nossa existência. Leva-nos a ser plenos de verdade, serenidade, vitalidade e esplendor.
Crescer em envolvência com a infinita fonte da vida, sabedoria, inteligência, que se chama Amor Incondicional, que é intemporal, assenta sobre o conhecimento da nossa verdadeira identidade, auto-relação e relações que exploramos ao longo da vida.
A escolha de cada caminho depende de nós próprios, mas independentemente do seu percurso, só pode ser bem-sucedido na alegria da genuinidade.
Que a amizade pessoal e interpessoal seja eterna, com todos os benefícios da sua simplicidade e integridade. Não a temos com todos, no que se refere aos outros, tendo em conta que todos somos diferentes e nem todos comungamos das mesmas vertentes ou empatia, no entanto, podemos SEMPRE RESPEITA-LOS. Mas quando essa genuína, amizade pessoal o interpessoal existe, não se vê nela capas de preconceito ou temor de falência, pois ela é crescente e transparente e procura no conhecimento conjunto apoiar, alicerçar, complementar, multiplicar, somar. Amizade é doar a si e aos outros.
Com a presença do auto-relacionamento e dos relacionamentos interpessoais, conscientes, se expressa o Amor Incondicional, independente do tipo de relação, que se purga com conhecimento e informação.
Relembremos, ninguém nesta vida é maior ou menor do que alguém, somos únicos, exclusivas obras de arte. Se todo o SER HUMANO tivesse isso presente em sua IDENTIDADE, poderíamos experimentar na humanidade um mundo menos individualista, excessivo de competição, egoísmo, inveja, ganância.
Seja a vida carregada de esperança que de alguma forma encontraremos elos verdadeiros dessa experiência única que é uma amizade, por si mesmo e pelos outros, verdadeira e despretensiosa. Este tema será abordado em profundidade nas próximas portagens dos RELACIONAMENTOS.
Este ou outros textos por mim redigidos, tem como fundamento, o despertar da consciência, fazer refletir, pesquisar, e deixar cada um ser LIVRE de VOAR no seu SER e obter as suas próprias conclusões a cada passo!
By Mafalda Afonso – Terapeuta - © todos os direitos reservados
Comments