Os Relacionamentos - Sentimentais I
- Mafalda Afonso
- 12 de set. de 2016
- 5 min de leitura

Que sejamos a cada dia a semente que prospera em uma relação reciproca, que haja fé, esperança para, quem quer, encontrar ou preservar o elo verdadeiro de um relacionamento sentimental, autêntico, cúmplice, amigo e despretensioso.
Eis aqui, uma das relações mais complexas da existência do ser humano. Ela pode ser plena e harmonia e equilíbrio ou fatalmente regada por decepções e instabilidade.
Pode trazer um caminho de ouro e prata ou de pedras cortantes e escorregadias.
Mas como uma das relações considerada como a mais resplandecente e complementar entre dois seres e geralmente fulcral para o ser humano, se pode vir a se igualar a um mar de lágrimas gritantes ou frustrações estonteantes?
Centremo-nos antes de mais o foco na relação sentimental, que funde o espírito de duas pessoas verdadeiramente, independente das naturais desventuras da vida, e da sua própria individualidade e identidade.
Ela é coroada por inúmeros atributos, desde a preciosa atração física, a tão famosa química entre duas pessoas não fácil de explicar, despertada como um relâmpago que nasce no espírito, que quando recíproca é essencial para que o resto se desenrole, acompanhado da lealdade, respeito, sinceridade, amizade, cumplicidade, tolerância, compreensão, assertividade, e muitas outras, algumas já mencionadas nos textos dos relacionamentos.
Interessante o pensamento de Khalil Gibran: “É errado pensar que o amor vem do companheirismo de longo tempo ou do cortejo perseverante. O amor é filho da afinidade espiritual e a menos que esta afinidade seja criada em um instante, ela não será criada em anos, ou mesmo em gerações.”
Mas para que compreendamos melhor este tão complexa relação, é necessário voltarmos, ao início, tudo tem como base a nossa AUTO-RELAÇÃO, AUTOCONHECIMENTO, AUTOESTIMA, AMOR-PROPRIO. Sem estes alicerces individuais, dificilmente alguma relação, subsistirá com a qualidade pretendida e despretensiosa, que a maioria dos seres almeja.
É primordial que uma relação a dois, seja pautada por estes atributos individuais, que serão como a âncora nos dias de tempestade, e porto de abrigo, permitindo a ambos manter, uma relação alicerçada em rocha firme até a bonança se fazer esplendor, âncora nos tempos de reflexão, como velas e leme nos tempos de velocidade cruzeiro.
Lealdade, respeito, sinceridade, sexo, diálogo aberto e espontâneo, capacitam o casal ou possível casal, onde a genuinidade é crucial, transparência sem perder a natural individualidade e identidade. Por serem um casal não passam a ser siameses e muito menos a deixar de serem eles próprios, naturalmente, há que ter em consideração a evolução nos diversos primas que cada ser tem de consciencializar e desenvolver, como indivíduo. O ideal é que se complementem…
Sito novamente o inspirador, pensador, filósofo, prosador, poeta, conferencista e pintor Khalil Gibran: “No amor, fiquem juntos, mas não tão juntos, pois os pilares do templo ficam bastantes afastados e o carvalho e o cipreste não crescem um na sombra do outro.”
Não é de todo fácil falar ou dissecar um tema como este em que o elemento sentimental tem elevada preponderância e que pede a cada uma das partes, uma caminhar equilibrado, respeito mútuo em consciência.
Saber escutar, observar, é um dos princípios que fará com cada uma das partes leia mais afincadamente o que o outro não diz do que o outro diz. É aqui que muitas vezes se perde o fio à meada, o fixar nas palavras ou suposições, deixando que a ilusão e o engano penetrem, levando aos bruscos impactos que se podem muitas vezes evitar com mais diligência ao procurar escutar e observar o que não é dito e discernir que o outro pode não se reger pelos mesmos princípios, lógica de pensamento ou ação. Ou seja, havendo um bom autoconhecimento, naturalmente, resultará maior, desprendimento da própria perspetiva, agilidade em analisar o semelhante e capacidade de bom senso para “calçar os sapatos do outro”.
Escutar a intuição, o famoso “sexto sentido”, quando permitimos que a tranquilidade se instale no coração, alma e espírito, a claridade de todas as nuances se vislumbra e as peças do puzzle se encaixam com exatidão e peça a peça, tudo toma uma forma congruente.
E se a história correr menos bem e o desfecho for a separação? É preciso fazer o “luto”, “zerar” todos os sentimentos dessa relação, e passa-la para o passado, depois de limpar todas as questões menos agradáveis, para não levar consigo nada que gere um ciclo parecido ou de escala maior na futura relação, ou até mesmo na renovação da relação que teve que ser finalizada, que como a “Fenix” teve de morrer para renascer, porque a vida continua e sempre existe a cada dia uma oportunidade para construir a felicidade.
Não digo que seja fácil, precisando falar sobre o assunto, procure a pessoa ou pessoas certas, sejam elas amigos, atenção a este factor, ou profissionais quer de medicina, de terapias alternativas ou complementares, de acordo com o mais adequado a cada cenário. O essencial é que nada que possa gerar maus pensamentos e sentimentos, medos, fobias, permaneça no âmago de cada um, gerando no subconsciente um “looping” de acontecimentos similares. Chore-se o que se tiver que chorar, lava a alma como se costuma dizer, mas antes de começar algo novo é bastante pertinente a certificação de que tudo está limpo para não viver no Agora o passado e não levar o passado para o futuro. Cuidar primordialmente, em todos os sentidos de todo o Ser, físico, emocional, mental, espiritual, enérgico, restabelecendo toda a autoestima, porque assim o que começar será novo!
Tudo na vida é de dentro para fora não espere encontrar no exterior o que não existe no interior. Não se encontra no outro o que não se pode dar a si próprio. A felicidade e a harmonia primeiramente têm que ser geradas e permanecer no próprio. Sendo que cada caso é um caso, que tudo tem um propósito, e nem tudo é linear ou “chapa 5”, é preciso ir caminhando com destreza e ver “o porquê” ou “o para quê” de cada situação que nos deparamos. Cada um de nós é a chave da sua vida.
Investir na libertação das capas e muros, preconceito ou temores de falência é uma excelente alavanca para o desenvolvimento pessoal e conjunto. Amar-se e aceitar-se primeiramente, sem ser egocêntrico. Viver! Nada de prisões de dogmas que limitem a liberdade e autoridade de ser feliz em abundância, perdas de tempo com o que os outros vão pensar porque o único pensamento que pudemos controlamos é o nosso, o dos outros, pertence a eles e não há quem consiga agradar a gregos e troianos, sem perder pelo menos a identidade, ficará sempre escravo dos demais seus pensamentos, elações e menções.
Se existe amor-próprio e autoestima será com certeza amado e respeitado, mas dificilmente será amado e respeitado se não o tiver.
Muitas destas premissas aqui faladas e na série dos “Relacionamentos” podem servir de base na educação dos filhos para quem pretender tê-los. As figuras principais no equilíbrio dos seres gerados, depende das autoridades por si inerentes quer sejam os pais progenitores ou pais adotivos. Pais e filhos, uma relação para a vida, pelo menos, em circunstâncias consideradas como usuais e dependendo de cada tipo sociedade, podem ter diferentes tipos de impacto. Por isso é tão importante que cada um dos pais seja uma referência de autoconhecimento, autoestima, consciência, atenção, observação que serão fulcrais para o equilibrado crescimento de cada Ser, e ao longo da vida forte fonte de exemplo, tanto para o mal como o bem. Este assunto Pais e Filhos será o alvo da próxima postagem.
Este ou outros textos por mim redigidos tem como fundamento, o despertar da consciência, promover a reflexão, pesquisa, e deixar cada um ser LIVRE de VOAR no seu SER e obter as suas próprias conclusões a cada passo!
Mafalda Afonso - Terapeuta Holística - ©todos os direitos reservados
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